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terça-feira, 26 de abril de 2011

O México vive uma guerra civil e mata inocentes


O México vive há anos um processo de guerra civil, que n’alguns Estados como Chiapas se vive guerra declarada e em outros, como Morelos, a violência é marginal, algo parecido com as nossas grandes cidades como o Rio de Janeiro. No dia 27 de março esta violência alcançou os companheiros dos SERPAJ-México, a quem manifestamos nossa mais absoluta e irrestrita solidariedade, e os animamos a não desanimarem e a continuar firmes na construção da Paz e da Justiça nas terras de Zapata.

Transcrevemos a seguir o pronunciamento oficial do Serviço Paz e Justiça na América Latina, assinado pelos companheiros Adolfo Pérez Esquivel, Ana Juanche Molina e Gustavo Cabrera, nossas autoridades continentais.

SERPAJ América Latina al pueblo mexicano

Javier Sicilia não é apenas um poeta, é também um incansável lutador não violento, profundamente conhecedor desta corrente histórica gandhiana o que explica que também tenha sido um dos fundadores do "Servicio Paz y Justicia" no México (SERPAJ-México) em 1987, e que o tenha promovido através de sua obra e sua vida. É por isso mesmo coerente e compreensível a enorme repercussão nacional e internacional que tem ganhado o assassinato de seu filho Juan Francisco e seus amigos Luis, Julio, Gabriel e Jesus ocorridos em 27 de março. Atos de solidariedade foram realizados no dia seis de abril em quase todos os Estados mexicanos e em várias cidades do mundo.

Somamos-nos à enérgica condenação do assassinato destes jovens assim como condenamos cada uma das (38000) trinta e oito mil execuções havidas nos últimos 4 anos no México, mesmo que, como diz Sicilia representem "a destruição do solo da nação ”. Com esta condenação queremos chamar a atenção do mundo para o México para que possamos alcançar a interrupção deste genocídio que tem como causa a ordem legal e delituosa hoje vigente neste país. (Informe Bourbaki,2011).

Exigimos que as mortes provocadas não sejam justificadas por estigmatização criminosa das vítimas e seus familiares, com a absurda e genérica alegação de: “por algo foi” ou “sabe-se lá em que andavam metidos”, ("por algo será” o “¿en qué andaría metido?”) que tem sido parte fundamental da “explicação” para o desaparecimento de dezenas de milhares de pessoas na América Latina.

Exigimos segurança e garantia de vida para os familiares das vítimas desta guerra

É preciso criar alternativas de paz, justiça, dignidade y reconstrução do “solo da nação” e assim recriar a esperança.

Um abraço apertado, solidários a todos os familiares de das vítimas desta guerra e à reserva moral deste belo país, que é o México.

Adolfo Pérez Esquivel – Premio Nobel da Paz Ana Juanche Molina Gustavo Cabrera Veja

Presidente Internacional do SERPAJ Coordenação Latino americana do SERPAJ

Tradução livre: Rosalvo Salgueiro

sábado, 23 de abril de 2011

Segunda Caminhada da Terra do SERPAJ-Brasil e ABAI


Caminhada da Mãe Terra, 22 de abril de 2011

Neste ano de 2011, em que a Campanha da Fraternidade das igrejas cristãs pede um maior cuidado com o planeta que sofre como em dores de parto, aconteceu um fato muito interessante. O dia internacional da Mãe Terra (22 de abril) coincidiu com a Sexta-Feira Santa. Será isto um sinal dos tempos? Membros de duas ONGs sediadas em Mandirituba, PR, Fundação Vida para todos – ABAI e SERPAJ Brasil comemoraram este dia com uma caminhada meditativa ao longo da trilha da Reserva Mãe da Mata. Adultos e crianças refletiram sobre o sofrimento e a morte de Cristo e o sofrimento da Mãe Terra. A terra não pertence ao homem, o homem pertence à Terra. Nos humanos somos terra também, somos a parte da terra que pensa, sonha e tem responsabilidade.

Por Marianne Spiller

sábado, 16 de abril de 2011

Curral da Éguas: Conservar, preservar e defender a natureza, para as futuras gerações!



O SERPAJ-Brasil, em parceria com a Fundação Vida para Todos (ABAI) está desenvolvendo, no Estado do Paraná, um trabalho de proteção e revitalização de nascentes, a primeira experiência concreta consiste do mapeamento e proteção de todas as nascentes do Córrego Curral das Éguas que fica no município de Mandirituba, cidade onde se encontra atualmente a sede oficial do SERPAJ-Brasil e também da ABAI.

O Trabalho de equipe coordenado pelos companheiros ambientalistas Tereza Urban e José Renato da Silva foi publicado em março último, num livro pelo SERPAJ-Brasil e a ABAI, com o título: “Dez Famílias e Muitas Nascentes” , em sua introdução, Tereza Urban assim escreveu:

“Todo agricultor sabe bem que terra não é redonda e lisa como se vê do espaço, uma grande bola azul suspensa no ar.

Sabe – de tanto andar, arar, carpir, roçar, plantar, colher – que o chão onde pisa tem altos e baixos. Como a vida de todo mundo.

Sabe das pranchas, dos terrenos dobrados, dos banhados, dos grotões, das vertentes, nascentes, minas e olhos d’água, das canhadas e dos rios.

Sabe que a água que brota numa nascente – às vezes um fiozinho de nada – se junta a outro fiozinho e que dos altos para os baixos, tudo verte para formar um rio, depois outro .

Assim é a organização da Terra: cada uma das regiões de onde a água brota, desce, ganha volume e forma um rio, lembra uma bacia, com as bordas altas e o fundo mais baixo. Por isso, chamamos de bacia hidrográfica.

Os limites de uma bacia hidrográfica não são iguais aos limites de um distrito, de um município, de uma cidade ou um país. Uma pequena bacia – chamada microbacia- pode estar dentro de um distrito, e uma bacia grande pode ser maior do que um município. Se o rio for muito grande, a bacia pode pegar vários estados ou até vários países. É assim porque acompanham as formas da natureza e não os limites traçados pelas sociedades humanas ao longo do tempo. O importante disso tudo é que, quando começamos a entender as formas da natureza, aprendemos uma lição muito importante: tudo o que acontece nos altos, vai rebater nos baixos.

No começo, é difícil pensar que fazemos parte de uma bacia hidrográfica. Mais fácil é dizer que estamos num bairro, num distrito, numa cidade, num estado ou num país. Mas com o tempo, percebemos que cada bacia tem seu jeito. E que sabemos muito sobre ela. É só começar a pensar. Foi assim, conversando sobre o que já se conhece e, sobre seus altos e baixos, sobre suas nascentes, sobre a história de cada um, que a comunidade da bacia hodrográfica do Curral das Éguas, em Mandirituba, aprendeu a conhecer de um jeito diferente o lugar onde trabalham e vivem.

Este livro conta a história de dez famílias e muitas nascentes. Essas histórias ajudam a lembrar do passado para tirar lições para o futuro. Ajudam a conhecer e aprender. Emsinam a proteger as lembranças e a natureza porque, afinal, quem vai cuidar do que não conhece?

O Curral das Éguas é um pequeno rio, formado por muitas nascentes e riachinhos, que corre do norte para o sul no município de Mandirituba a vai encontrar o rio dos Patos, que encontra o rio Maurício, que encontra o rio Iguaçú, que encontra o rio Paraná, que encontra o rio Paraguai, que encontra o rio Urugai e juntos formam o rio de la Plata. A bacia platina como, como é chamada, está entre as cinco maiores bacias hidrográficas do planeta..."

Tereza Uban

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Belo Monte:Comissão Inter-americana de Direitos Humanos pede ao governo do Brasil que suspenda a construção da usina!


A apreensão mundial em razão das conseqüências da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu no Estado do Pará, na Amazônia brasileira se amplia e chega aos organismos oficiais multilaterais como a respeitada Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados americanos (OEA).

A CIDH manifestou em carta entregue ao governo brasileiro no dia 1 de abril, sua preocupação e pediu a imediata suspensão do processo de licença da usina e também recomenda que governo brasileiro só inicie a construção desta mega obra, depois de ouvir as comunidades indígenas da região que serão afetadas pela usina.

O organismo internacional pede ainda que sejam permitido às comunidades atingidas o livre e integral acesso ao Estudo de Impacto Sócio Ambiental do projeto, de forma que lhes sejam plenamente compreensível, inclusive que este estudo seja traduzido para os idiomas indígenas locais.

Os integrantes do governo brasileiro se mostraram profundamente irritados com a carta da CIDH, o que considerou uma intromissão indevida nos assuntos internos do Brasil. Muitos dos integrantes do governo se notabilizaram, enquanto oposição, pela defesa dos direitos humanos época em que defendiam com veemência a atuação da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a mesma que agora contestam.

No Senado da República a principal voz de apoio à posição do governo foi o ex-presidente Fernando Color de Mello, famoso por haver perdido o mandato por corrupção, e que hoje integra a base de apoio da presidente Dilma Roussef, além de presidir a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Enquanto o governo brasileiro diz ter cumprido todas as etapas de consulta às comunidades, os movimentos ambientalistas denunciam que na verdade o que houve foi uma grande manipulação para dar uma aparência de legalidade à usina. No dia 25 de março último Dom Erwin Kräutler, bispo do Xingu e presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) publicou uma carta aberta à opinião pública nacional e internacional onde denuncia esta prática dos governo do Brasil, o título do documento é “ O Diálogo que não houve”.

Mesmo garantido que Belo Monte é inegociável e irreversível, o governo brasileiro tem sentido a dureza das críticas e vem amenizando o discurso pra defender a obra.

Depois de receber com a presidente Dilma em audiência um grupo de mulheres do movimento dos atingidos por barragens, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho assim se manifestou: “ Vamos nos antecipar em Belo Monte para que o impacto da obra não seja pernicioso. Dá pra fazer de um jeito e de outro. Dá pra fazer de um jeito mais humano com respeito maior aos indígenas e à população local”.

Esta manifestação da OEA através da CIDH foi uma vitória importante na defesa das comunidades locais e do meio ambiente, mas a luta é longa e vai demandar muito esforço e atenção das organizações ambientalistas e de Direitos Humanos.

Rosalvo Salgueiro

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Depor Kadaf, é tarefa exclusiva do próprio povo líbio!


A tarefa de depor o ditador Kadaf é do povo líbio que pode e deve receber apoio solidário, político e até estratégico das organizações populares e de Direitos Humanos de todo o mundo.

Não podem, porém, receber ajuda militar em homens, máquinas e armamentos de governo algum, principalmente das potências, sem ferir mortalmente a legitimidade de sua luta. Se aceitar tal auxilio estarão vendendo soberania e a independência do governo que vierem a construir.

As potências que agora agem tão ferozmente contra o ditador Kadaf eram seus sócios e lhe propiciaram apoio e sustentação política e militar, tudo em razão do petróleo que há no solo líbio. É de se perguntar: Por que não agem de igual forma “humanitária” contra os demais ditadores que sustentam no próprio mundo árabe e africano?

As bombas da OTAM são tão mortíferas quanto as armas de Kadaf, e igualmente injustas, não é verdade que atingem apenas alvos militares, há sobejos e confiáveis relatos de ataques a hospitais, escolas, igrejas e outros lugares onde sabidamente se abriga a população civil.

A propaganda e a contra informação da OTAN e aliados tentam nos fazer crer que eles são anjos que vêm em socorro de pobres, crianças e mulheres que estão sendo massacrados, e tentam colocar o resto do mundo diante do dilema: ou apóia a ação intervencionista ou apóia Kadaf. Nada mais falso, é possível sim apoiar o povo em sua luta pela Paz e Justiça!

Devemos apoiar as iniciativas diplomáticas propostas pela Alemanha e outros países para o conflito agora colocado, e, continuar apoiando os líbios em sua luta para superar as condições de miséria e intimidação em que vivem, e ajudá-lo a construir uma nova Líbia, livre, independente, fraterna e solidária.

Ao encerrar sua fala, Rosalvo distribuiu o texto de uma resposta que mandou à organização de solidariedade internacional Avaaz, que segundo avalia, está equivocada e acaba por prestar ajuda às potências na sua propaganda de “bom mocismo”.

Queridos amigos do Avaaz,

Salve!

Eu tenho acompanhado e participado de exatamente todas as solicitação de vocês, porém não posso concordar com a manipulação e as atrocidades que a França, a Inglaterra, os USA e a OTAN vem praticando na Líbia.

Apoiei e apoio decididamente as manifestações e a luta não-violenta do povo líbio contra o ditador Kadaf, porém ao ver que os tais "rebeldes" tinham e têm até artilharia antiaérea vi que já não se trata de desobediência civil, mas de guerra civil, e não tenho dúvidas que esta é patrocinada pelas "potências ocidentais" e a motivação é de ordem econômica, estratégica e geopolítica, nunca humanitária em favor do povo líbio, como tentam fazer parecer.

Ao se engajar de modo tão acrítico e parcial nesta peleja, a Avaaz compromete sua política e se torna mais uma arma dos que não respeitam a autodeterminação e a soberania do povo líbio.

Por favor, reflitam, pois sempre considerei vocês uma das mais importantes ferramentas da luta dos pequenos em defesa dos Direitos Humanos, da Justiça e da Paz.

Fraternalmente,

Rosalvo Salgueiro