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domingo, 27 de março de 2011

Líbia: O desafio de permanecer fiéis à utopia do Reino de Deus e sua justiça!



Nós Discípulos do Cristo temos que nos manter fiéis à UTOPIA do Reino de Deus e sua Justiça num momento em que grande parte da Mídia quer nos encurralar no dilema:

"Ou apóia a intervenção militar da França, Inglaterra, USA et caterva ou apóia a cruel Ditadura de Kadafi!"

Nem uma, nem outra!

Diante de um regime autoritário e violento a solução não é uma violência maior, mas a força da não-violência ativa!

Enfrentamos e vencemos no Brasil uma Ditadura (1964-1985) de 21 anos. Também no Uruguai, Argentina, Chile e Paraguai.

Estamos agora empenhados em construir a Democracia.

A ditadura se implantou e tentou se impor pela violência das armas. Foi vencida e a democracia está sendo construida pela força popular, sem violência! Estamos irmanados e solidários com o Povo Líbio no seu esforço de vencer uma ditadura e construir uma democracia, mas sem a violência das armas que muito interessa à globalizada Indústria Bélica. Acertadamente diz a sabedoria africana: "QUANDO OS ELEFANTES BRIGAM A GRAMA SAI AMASSADA!"

A UTOPIA do Reino, que norteia o horizonte do Ser e Fazer dos Discípulos do Cristo, é muito clara:

"Não matarás!" (Gênesis,4 - história de Caim e Abel)

"Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. - Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?" (S. MATEUS, cap. V, vv. 43 a 47.)

Por isso a guerra, seja qual for até mesmo as Cruzadas, não cabem na pauta do Cristo e seus Discípulos. Exército, Marinha, Aeronáutica e todo o aparato das Forças Armadas, inclusive as Capelanias Militares, não seguem o Espírito daquele que ressucitou Jesus dentre os mortos.

Ele disse:

" Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!"(João 14,6)

" Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá ... " (João 14,27)

Com Francisco de Assis rezemos;

"Senhor, fazei de nós um instrumento de vossa Paz!"

Frei Alamiro

Coordenador Nacional do SERPAJ-Brasil

sábado, 26 de março de 2011

Nobel da Paz diz que ataque da OTAN à Líbia é ação colonialista


As Nações Unidas, a coalizão e a guerra na Líbia

Rechaçamos categoricamente a invasão da Líbia, é um ato de colonialismo respaldado pela Organização das Nações Unidas, que desta forma se converte em uma organização a serviço dos interesses das potências que buscam implantar a dominação colonial nos países com recursos petrolíferos, como o Iraque e agora a Líbia. Esta é uma escalada que viola os direitos dos povos e os direitos humanos; o próximo objetivo dessa dominação é a invasão do Irã, que lhes permitirá o controle mundial energético.

É lamentável que a ONU seja cúmplice respaldando os ataques ao povo líbio sob o pretexto de “defesa do povo". Uma vez mais nos deparamos com atitudes hipócritas que prejudicam gravemente a humanidade, como foi o caso da mentira das “armas de destruição massiva” que justificaram a invasão do Iraque, e com o objetivo de impor o pensamento único e o monocultivo das mentes.

A Organização das Nações Unidas foi criada para promover e garantir a Paz no mundo, lamentavelmente hoje desvirtuando seu conteúdo promove a guerra e a dominação, nada mais distante dos fundamentos para os quais foi criada depois dos horrores da II Guerra Mundial.

Kadafi, durante 42 teve aliados e sócios europeus, assim como os Estados Unidos e outros países; que são os mesmos que hoje atacam o povo e o governo da Líbia.

Cabe a pergunta: Por que durante décadas nada fizeram pelos países árabes em defesa da democracia e dos direitos humanos e a proteção da população civil, em defesa dos direitos dos povos, para superar a fome, a pobreza, as enfermidades e a falta de direitos cívicos?

Igual coisa fez os Estados Unidos com Sadam Hussein que foi seu principal aliado usado na guerra contra o Irã e depois defenestrado e morto “por ser ditador”.

O presidente da Venezuela, Hugo Chaves propôs um comissão internacional para encontrar uma saída sem derramamento de sangue na Líbia e evitar maiores males.

Os países invasores não querem escutar e não se detém, sua decisão é continuar a ofensiva militar e os bombardeios contra a Líbia, para apoderarem-se do petróleo, este é o verdadeiro é o verdadeiro objetivo.

Diante da devastação cada dia maior dos seus recursos e bens naturais, e a forte crise econômica que estão vivendo, os países industrializados buscam implantar o colonialismo globalizado, isto é, a concentração do poder e o controle mundial em poucas mãos, utilizando a ONU para justificar o injustificável dessa política imperial.

Existem inúmeros antecedentes dessa política de dominação, como são a instalação de bases militares e o aumento da corrida armamentista, assim como a prática d imposição em diversos continentes.

É urgente a reforma da Organização das Nações Unidas e a democratização de sua estrutura, hoje profundamente contaminada pela falta de credibilidade. Não é possível que o mundo esteja nas mãos de um punhado de países poderosos que decidem de acordo com seus interesses o futuro da humanidade.

Adolfo Pérez Esquivel

Buenos Aires 21 de março de 2011

Tradução livre: Rosalvo Salgueiro

sexta-feira, 25 de março de 2011

BELO MONTE: O DIÁLOGO QUE NÃO HOUVE



Na tarde de hoje, 25, dom Erwin Kräutler, presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e bispo do Xingu (PA) entregará à vice-procuradora Geral da República, doutora Débora Duprat, representação denunciando irregularidades que margeiam o projeto de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Entre as denúncias está a utilização de má fé do conteúdo das reuniões informativas realizadas com as comunidades indígenas ameaçadas pela UHE, convertendo-as em falsas oitivas indígenas.

Carta aberta à Opinião Pública Nacional e Internacional


Venho mais uma vez manifestar-me publicamente em relação ao projeto do Governo Federal de construir a Usina Hidrelétrica Belo Monte cujas consequências irreversíveis atingirão especialmente os municípios paraenses de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Porto de Moz, Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e os povos indígenas da região.

Como Bispo do Xingu e presidente do Cimi, solicitei uma audiência com a Presidente Dilma Rousseff para apresentar-lhe, à viva voz, nossas preocupações, questionamentos e todos os motivos que corroboram nossa posição contra Belo Monte. Lamento profundamente não ter sido recebido.

Diferentemente do que foi solicitado, o Governo me propôs um encontro com o Ministro de Estado da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. No entanto, o Senhor Ministro declarou na última quarta-feira, 16 de março, em Brasília, diante de mais de uma centena de lideranças sociais e eclesiais, participantes de um Simpósio Sobre Mudanças Climáticas que “há no governo uma convicção firmada e fundada que tem que haver Belo Monte, que é possível, que é viável... Então, eu não vou dizer prá Dilma não fazer Belo Monte, porque eu acho que Belo Monte vai ter que ser construída”.

Esse posicionamento evidencia mais uma vez que ao Governo só interessa comunicar-nos as decisões tomadas, negando-nos qualquer diálogo aberto e substancial. Assim, uma reunião com o Ministro de Estado Gilberto Carvalho não faz nenhum sentido, razão pela qual resolvi declinar do convite.

Nestes últimos anos não medimos esforços para estabelecer um canal de diálogo com o Governo brasileiro acerca deste projeto. Infelizmente, constatamos que esse almejado diálogo foi inviabilizado já desde o início. As duas audiências realizadas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 19 de março e 22 de julho de 2009, não passaram de formalidades. Na segunda audiência, o ex-presidente nos prometeu que os representantes do setor energético, com brevidade, apresentariam uma resposta aos bem fundamentados questionamentos técnicos feitos à obra pelo Dr. Célio Bermann, professor do curso de pós-graduação em energia do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo. Essa resposta nunca foi dada, como também nunca foram levados em conta os argumentos técnicos contidos na Nota Pública do Painel de Especialistas, composto por 40 cientistas, pesquisadores e professores universitários.

Observamos, pelo contrário, na sequência a essas audiências, que técnicos do Ibama reclamaram estar sob pressão política para concluir com maior rapidez os seus pareceres e emitir a Licença Prévia para a construção da usina. Tais pressões políticas são de conhecimento público e motivaram, inclusive, a demissão de diversos diretores e presidentes do órgão ambiental oficial. Em seguida, foi concedida uma "Licença Específica", não prevista na legislação ambiental brasileira, para a instalação do canteiro de obras.

No dia 8 de fevereiro de 2011, povos indígenas, ribeirinhos, pequenos agricultores e representantes de diversas organizações da sociedade realizaram uma manifestação pública em frente ao Palácio do Planalto. Na ocasião, foi entregue um abaixo-assinado contrário à obra, contendo mais de 600 mil assinaturas. Embora houvessem solicitado uma audiência com bastante antecedência, não foram recebidos pela Presidente. Conseguiram apenas entregar ao ministro substituto da Secretaria Geral da Presidência, Rogério Sottili, uma carta em que apontaram uma série de argumentos para justificar o posicionamento contrário à obra. O ministro prometeu mais uma vez o diálogo e considerou a carta "um relato que prezo, talvez um dos mais importantes da minha relação política no Governo (...) vou levar este relato, esta carta, este manifesto de vocês, os reclamos de vocês...". Até o momento, nenhuma resposta!

As quatro audiências - realizadas em Altamira, Brasil Novo, Vitória do Xingu e Belém - não passaram de mero formalismo para chancelar decisões já tomadas pelo Governo e cumprir um protocolo. A maioria da população ameaçada não conseguiu se fazer presente. Pessoas contrárias à obra que conseguiram chegar aos locais das audiências não tiveram oportunidade real de participação e manifestação, devido ao descabido aparato bélico montado pela Polícia.

Até o presente momento, os índios não foram ouvidos. As "oitivas" indígenas não aconteceram. Algumas reuniões foram realizadas com o objetivo de informar os índios sobre a Usina. Os indígenas que fizeram constar em ata sua posição contrária à UHE Belo Monte foram tranquilizados por funcionários da Funai que as "oitivas" seriam realizadas posteriormente. Para surpresa de todos nós, as atas das reuniões informativas foram publicadas pelo Governo de maneira fraudulenta em um documento intitulado "Oitivas Indígenas". Esse fato foi denunciado pelos indígenas que participaram das reuniões. Com base nestas denúncias, peticionamos à Procuradoria Geral da República investigação e tomada de providências cabíveis.

A tese defendida pelo Sr. Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de que as aldeias indígenas não serão afetadas pela UHE Belo Monte, por não serem inundadas, é mera tentativa de confundir a opinião pública. Ocorrerá justamente o contrário: os habitantes, tanto nas aldeias como na margem do rio, ficarão praticamente sem água, em decorrência da redução do volume hídrico. Ora, esses povos vivem da pesca e da agricultura familiar e utilizam o rio para se locomover. Como chegarão a Altamira para fazer compras ou levar doentes, quando um paredão de 1.620 metros de comprimento e de 93 metros de altura for erguido diante deles?

Julgo fundamental esclarecer que não há nenhum estudo sobre o impacto que sofrerão os municípios à jusante, Senador José Porfírio e Porto de Moz, como também sobre a qualidade da água do reservatório a ser formado. Qual será o futuro de Altamira, com uma população atual de 105 mil habitantes, ao ser transformada numa península margeada por um lago podre e morto? Os atingidos pela barragem de Tucuruí tiveram que abandonar a região por causa de inúmeras pragas de mosquitos e doenças endêmicas. Mas os tecnocratas e políticos que vivem na capital federal, simplesmente menosprezam a possibilidade de que o mesmo venha a acontecer em Altamira.

Alertamos a sociedade nacional e internacional que Belo Monte está sendo alicerçada na ilegalidade e na negação de diálogo com as populações atingidas, correndo o risco de ser construída sob o império da força armada, a exemplo do que vem ocorrendo com a Transposição das águas do rio São Francisco, no nordeste do país.

O Governo Federal, no caso da construção da UHE Belo Monte, será diretamente responsável pela desgraça que desabará sobre a região do Xingu e sobre toda a Amazônia.

Por fim, declaramos que nenhuma “condicionante será capaz de justificar a UHE Belo Monte. Jamais aceitaremos esse projeto de morte. Continuaremos a apoiar a luta dos povos do Xingu contra a construção desse “monumento à insanidade”.

Brasília, 25 de março de 2011

Dom Erwin Kräutler

Bispo do Xingu e Presidente do

Cimi – Conselho Indigenista Missionário

terça-feira, 1 de março de 2011

Esquivel é acusado por Álvaro Uribe perante judiciário colombiano. Pode?


O ex-presidente colombianos Álvaro Uribe, publicou na quinta feira ( 20-02-2011) em seu Twitter, que apresentou uma Queixa Crime contra o argentino Adolfo Pérez Esquivel, ativista dos Direitos Humanos e Prêmio Nobel da Paz, por injúria e calúnia.

Além de acusar o argentino de ser patrocinador das FARC, afirma; “... combati com transparência a todos os criminosos e agora denuncio as infâmias de Esquivel...”

Neste processo, Uribe é representado por Jaime Lombada, que admitiu, ao jornal El Tiempo, que Esquivel não poderá ser preso, ainda que responda processo penal na Colômbia, visto que as leis colombianas prevêem que Esquivel teria que comparecer voluntariamente perante o Tribunal da Colômbia para responder às acusações.

Os dois, Esquivel e Uribe, têm protagonizado um intenso debate, Uribe em seu twitter e Esquivel através dos meios de comunicação, em razão das recentes declarações do Nobel da Paz sobre a “política de paz” levada a efeito pelo ex-governante colombiano.

No fórum “Construindo a Paz na Colômbia” realizado esta semana em Buenos Aires, Adolfo Esquivel afirmou que Uribe não tem vocação para a paz, disse também que tanto Álvaro como seu primo Mario Uribe, que está condenado a mais de sete anos de prisão por violações aos Direitos Humanos, mantém vínculo estreito com os grupos paramilitares do país andino.

Uribe vem respondendo com veemência ao Prêmio Nobel da Paz de 1980, e o acusa de “patrocinador de terroristas” da guerrilha e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Segundo Uribe, o governo colombiano desmantelou o paramilitarismo faltou, entretanto levar ao cárcere o argentino, afirmou nas últimas horas no seu twitter.

Adolfo Esquivel afirmou que: “... para promover a paz é necessário ter autoridade e valores democráticos e não ser cúmplice do terrorismo como vocês”

Esquivel disse à emissora de rádio La W, que não tem qualquer informação sobre a demanda do colombiano, mas disse também que está disposto a apresentar às autoridades judiciais colombianas as provas de que grupos paramilitares têm recebido treinamento uma fazenda de propriedade de Santiago Uribe, irmão do ex-presidente.

O SERPAJ-Brasil manifesta total, absoluta e incondicional solidariedade ao irmão de fé, companheiro de lutas e líder maior Adolfo Perez Esquivel, assim como faz suas cada palavra e ação de Adolfo e se põe em mobilização permanente contra a mais esse atentado contra as liberdades democráticas e aos Direitos Humanos.

Por Rosalvo Salgueiro

Versão livre: vem do:

http://www.europapress.es/latam/politica/noticia-colombia-argentina-uribe-presenta-demanda-contra-nobel-paz-adolfo-perez-esquivel-supuestas-calumnias-20110224171657.html