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sábado, 31 de julho de 2010

APELO À PAZ ENTRE A COLÔMBIA E A VENEZUEA



Preocupados com a situção de tensão e confronto entre a Colômbia e a Venezuela, os Prêmios Nobeis da Paz, Adolfo Pérez Esquivel e Rigoberta Menchú Tum fazem um comovene e contundente chamado à consciência e à paz!













Nós, signatários deste apelo à paz entre os povos da Colômbia e Venezuela, expressamos nossa preocupação com o aumento das tensões entre os governos irmãos, e os conclamamos à calma e serenidade, e ao diálogo para encontrar soluções para os problemas, reivindicados respeitando-se mutuamente.
Gerar um conflito armado na região, prejudicará profundamente a ambos países e a toda América Latina. Sabemos como começam as guerras, mas não como terminam, sabemos também as conseqüências deixadas pela destruição e morte entre as pessoas e os prejuízos incalculáveis para a vida humana.
Apelamos aos governos, para que tenham serenidade para superar as diferenças através do diálogo e apoio dos países irmãos da América Latina, apontando que há entidades jurídicas interior para superar as diferenças.
Chamamos os governos irmãos à reflexão e dizemos um categórico não à guerra entre a Colômbia e a Venezuela, que afetará todo o continente, com consequências imprevisíveis. Entendemos que é também urgente a pacificação interna na Colômbia, através da negociação, para a qual, pode também ajudar os governos latino-americanos e povos de todo o mundo.

Ninguém deve impedir um processo de paz sob essas circunstâncias, a menos que o conflito interno na Colômbia venha a ser utilizado para outros interesses. O povo colombiano precisa de paz. Devemos expressar que rejeitamos a interferência de bases militares estrangeiras no continente, que não contribuem, nem são garantias de paz.
Fazemos este apelo a todos os povos e governos da América Latina e do mundo, exigindo soluções para os conflitos através da não-violência, o diálogo e a união entre os povos.

Buenos Aires,24 de julho de 2010
Adolfo Pérez Esquivel e Rigoberta Menchú Tum

domingo, 4 de julho de 2010

Crianças alemãs pedem em carta ao presidente Lula, que pare a construção da barragem de Belo Monte


Langness e Oland são duas ilhas paradisíacas do Mar do Norte na divisa da Alemanha com a Dinamarca, já bem próximo do Pólo Norte.
Um grupo de crianças e jovens dessas ilhas enviaram uma carta ao presidente Lula cobrando-lhe responsabilidade com as crianças e a natureza do Brasil e pedindo que pare a construção da usina de Belo Monte.








Reproduzimos a íntegra da carta das crianças enviada ao presidente.

Escolas Langess e Oland
Ilhas no Mar do Norte
Alemanha
Langness e Oland, em abril de 2010

Estimado Presidente Lula da Silva,
Somos crianças das pequenas ilhas no Mar do Norte e freqüentamos as escolas primárias e secundárias das ilhas Langness e Oland. Temos entre 6 e 15 anos.
Tivemos conosco a visita do Coordenador do SERPAJ-Brasil, Rosalvo Salgueiro.
Ele nos informou sobre os projetos no Rio São Francisco e no Rio Xingu e a projetada Usina Hidrelétrica e Barragem de Belo Monte.

Estamos muito preocupados com as pessoas, especialmente com as crianças e animais que vivem lá. Sabemos que você precisa ganhar dinheiro e queremos sugerir outra possibilidade:
Em vez de destruir a natureza, você poderia possibilitar que pessoas de outros países venham olhar para ela. Nossas casas estão localizadas no Mar Baixo que é Patrimônio Mundial Natural da UNESCO, porque ele é único, com muitos animais e plantas.

Como você se sentiria se fosse um animal que vive nun rio, mas corre o risco de morrer, porque o rio foi represado?
O Brasil é um país muito bonito, mas se você consente que a natureza continue ser destruída de modo imprudente, então seu país será muito feio e ninguém vai querer mais vir para visitar.

Por isso queremos propor outra forma de ganhar dinheiro: Nossos pais alugam apartamentos para pessoas que gostariam de ver nossa natureza bonita.
O governo deve proteger a sua terra, a sua natureza e e patrocinar o turismo sustentável. Então nós poderíamos, quando formos adultos, vir pra visitar o seu país.

Atenciosamente

seguem as assinaturas




sábado, 3 de julho de 2010

Solidariedade para com as vítimas do ‘novo’ PT


Leonardo Boff *
Passei um fim de semana lendo pela enésima vez O Príncipe de Maquiavel no esforço de entender a atual política da Direção Nacional do PT. E aí encontrei as fontes que possivelmente estão inspirando o assim chamado "novo PT", aquele que trocou o poder da vontade de transformar a realidade pela vontade de poder para compor-se com a realidade, notoriamente envenenada com o propósito de perpetuar-se no poder. Nas palavras do candidato eleito pela convenção do partido em Minas Gerais, Fernando Pimentel e depois invalidado, em nome da aliança com o PMDB: "o PT novo é o PT que faz alianças e convive com a realidade política brasileira, buscando transformá-la... Não somos mais um partido que coloca a ideologia como uma máscara, como óculos escuros para não enxergar a realidade política; operamos com a realidade política do jeito que ela é, para transformá-la" (O Globo 12/6/2010).
Vamos traduzir esse discurso de disfarce. A ideologia básica do PT originário era a ética e as reformas estruturais. O novo PT entende este propósito como uma máscara que não permite enxergar a realidade política do jeito que ela é.
Sabemos como é o jeito da política vigente, montada sobre alianças espúrias, sobre a mercantilização das relações políticas e sobre a rapinagem do dinheiro público. Pimentel ainda acredita que com as alianças se pretende transformar a realidade, como se para transformar uma gangue de bandidos devesse fazer parte dela. A ética foi enviada ao limbo e em seu lugar entraram os conselhos de Maquiavel. Este teve um propósito semelhante à Direção do PT: "ir diretamente à verdadeira realidade das coisas e não ater-se a representações imaginárias" (c. XV). Para Maquiavel a verdadeira realidade das coisas é a busca tenaz do poder, as formas de conquistá-lo e de conservá-lo. E aí vale tudo; os fins justificam todos os meios: o perjúrio, o crime e até o bem se ele trouxer vantagens. As "representações imaginárias" é a ética, o que deve ser. Ela não é posta de lado; até vale desde que favoreça o poder. Caso contrário pode ser atropelada: "não se afastar do bem quando se pode, mas saber usar o mal, se necessário" (c. XVIII). O importante não é ser bom, mas parecer bom. Não há porque cumprir a palavra empenhada, se ela se volta contra o príncipe, pois "jamais faltarão motivos legítimos para justificar o não cumprimento de algo apalavrado" (c. XVIII).
É entristecedor ler em Pimentel: "nesse processo de renovação, alguns companheiros vão ficar no passado". Estes, na verdade, são os portadores do futuro, porque são fiéis à ética e ao sonho de uma política diferente do jeito como é feita. A Direção do PT se rendeu a ela, fazendo alianças escandalosas para se perpetuar no poder e assim se atolando no passado. O povo não merece ser defraudado desta forma. Não é investindo em políticas assistenciais que se possa substituir-lhe a dignidade. Mesmo assim, há tantos nas bases, deputados, prefeitos e vereadores do PT antigo e ético que mantém vivo o sonho e que não abandonam a questão: que Brasil queremos e que ética pública precisamos?
Quero me solidarizar com as vítimas do maquiavelismo do "novo" PT, especialmente em Minas Gerais e no Maranhão. Neste Estado está ocorrendo uma tragédia, bem representada pelo histórico sindicalista Manoel da Conceição, de 75 anos, fundador do PT, torturado e mutilado pela polícia das oligarquias entre as quais estão os Sarneys, sendo obrigado a votar em Roseana Sarney do PMDB. Em carta aberta ao companheiro Lula, de fazer chorar, escreve "com ternura e amor de um irmão": "como eleger essas figuras que me mutilaram, torturaram e mataram dezenas de meus mais fiéis companheiros... isso fere de morte a nossa honra e a nossa história". Mas o projeto de poder não tem o mínimo sentido humanitário: Maquiavel dixit.
Da mesma forma quero me solidarizar com as vítimas de Minas Gerais, com Sandra Starling, com Patrus Ananias, dos melhores ministros do Governo, com Durval Ângelo, paladino dos direitos humanos e de tantos e tantas que estão sofrendo indignados.
Nem tudo vale neste mundo. E se Cristo morreu, foi também para mostrar que nem tudo vale e que para tudo há algum limite, válido também para o PT.


* Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor


Matéria publiada originalmente por: Adital

Belo Monte: O Cacique Kunué Kalapalo pede a Geraldo Alckmin que se engaje na luta de defesa do Rio Xingu


O cacique Kunué Kalapalo, no último dia 26 de junho se encontrou casualmente com Geraldo Alckmin, candidato do PSDB ao governo do Estado de São Paulo, que caminhava pelas ruas de Embu das Artes, e não perdeu tempo foi logo pedindo ao político ajuda para impedir a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xinguno Estado do Pará. Alckmin explicou a Kunué que este é um tema do governo federal, porém Kunué demonstrando habilidade e conhecimento dos meandros da política dos brancos disse que o governador de um Estado como São Paulo tem muita força e pode ajudar se quiser.

Kunué está morando na periferia de São Paulo onde além da própria família lidera um grupo de índios kalaplos oriundos da região do Xingu, Estado do Mato Grosso, que aqui estão para os filhos estudarem, e sobrevivem vendendo, na ferinha de Embu das Artes, artesanato que eles mesmos produzem ou trazem do Xingu,.

Comentando o desastre ecológico que será a usina Belo Monte, Kunué disse que todos os indígenas do mundo precisam se posicionar contra a destruição que a ganância do homem branco está causando à natureza.
Acusou Lula de estar enganando alguns índios inocentes que ainda tem dúvida das intenções desse governo que não ama nem respeita a terra. Segundo Kunué, esses índios ingênuos se deixam usar porque pensam que o Lula tem boas intenções, felizmente são poucos e não são caciques importantes como os caciques Megaron Txucarramãe ou Raoni Metuktire, “Do jeito que a coisa vai, logo não vamos nem ter peixe pra celebrar a festa do Quarup”.

Depois de conversar com Geraldo Alckmin, Kunué disse que foi uma pena esse homem não ser eleito presidente, eu acho que ele ia respeitar mais a nossa mãe natureza. “Ele ficou meu amigo e acho que pode e vai me ajudar”

A atitude de Kunué bem demonstra o engajamento dos povos indígenas, a lucidez e o respeito com que tratam os rios, as matas e a terra, enfim todo o meio ambiente, eles têm a exata noção e a consciência sempre presente de que o ser humano é apenas parte e não senhor natureza.
por: Rosalvo Salgueiro