No dia de luta pela floresta, 21 de setembro. Animados pelo Tema:
Sementes Nativas, Garantia de Futuro, Organizada pelo SERPAJ-Brasil, CPT, AOPA e ABAI, O
Sítio agroecológico da ABAI no Município de Mandirituba, Região Sul do Estado
se transformou num Grande útero acolhendo camponeses, camponesas, lideranças de
entidades, visitantes de 09 Municípios e consumidores de produtos
agroecológicos para celebrar um dos maiores Patrimônios Natural que mundo
tem, que é as Sementes Nativas/Crioulas
.Aproximadamente 1.100 pessoas passaram pelo Sítio Visitando a Exposição
e participando da programação que contou com animação teatral, gesto de plantio
de uma agro-floresta, Ouvindo os testemunhos de Guardiões das Sementes, como o
Sr. Isaca Miola da Região Sudoeste do Paraná que protege no seu pequeno sítio
de 02 alqueires, aproximadamente 300 variedades de sementes nativas/crioulas.
O Momento sublime da Festa, foi ás 15:00 horas com a Troca das Sementes.
Quem levou trocou e quem não levou recebeu como doação assumindo o compromisso
de multiplicá-las.
O Sindicato de São José do Triunfo presentificou os participantes
com a Semente do Milho Amarelão que é produzido na Região com o apoio do PAA. a
AOPA Regional, uma das promotoras da Festa distribuiu sementes de hortaliças
nativas para os camponeses e camponesas que participaram. Foi na verdade, um
dia histórico para a ABAI que acolheu a ideia, contribuiu imensamente na
construção da proposta e brilhantemente deu conta dos detalhes que fez a Festa
se tornar significativa para Região. Uma experiência que é parte do
desdobramento da Realização da 26ª Romaria em 2012. ( Confiram as Fotos em
anexo)
Além dos camponeses e camponesas, Guardiões das Sementes, Estavam
na Festa fortalecendo seu significado lideranças como: Pastor
Werner Fucs, Darcy Frigo da Terra de Direitos, José Maria Tardin, MST,
Diretor da Escola Latino Americana da Lapa, O animador e Cantor João
Belo, Roberto Bágio - Coordenador do MST, 01 Diretor da Federação dos
Trabalhadores Rurais e D. Tomás Balduíno, Conselheiro da CPT.
Dom Tomás Balduíno lendo e proclamando a Carta de Mandirituba
CARTA DE MANDIRITUBA
Sementes Nativas,Garantia de Futuro
Excelentíssima
Presidenta Dilma Rousseff
Excelentíssimos
Governadores e Prefeitos
Ilustríssimos Representantes do
Poder Legislativo
Reunidos em Mandirituba - Paraná no
dia 21 de Setembro de 2013 para a Primeira Festa de Sementes Nativas/Crioulas
da Região Metropolitana de Curitiba, nós agricultoras e agricultores familiares
camponeses e organizações da sociedade civil lhes enviamos esta carta para
expressar a nossa preocupação com a dramática perda de agrobiodiversidade no
Brasil contemporâneo e a nossa indignação perante a indiferença e omissão de
grande parte dos setores governamentais frente a este processo de destruição e
morte.
Somos na grande maioria agricultores
agroecológicos e orgânicos e inclusive fornecedores de alimentos orgânicos para
os projetos governamentais (PAA, PNAE e outros). A contaminação das nossas
próprias sementes, sementes crioulas, resultado de uma dedicação milenar dos
povos que nos antecederam, por variedades transgênicas leva à perda da nossa
certificação, sendo que a lei dos orgânicos não permite o cultivo de variedades
transgênicas em sistemas orgânicos.
Pedimos aos governos municipais,
estaduais e federal que tomem as medidas cabíveis, para garantir a nossa
liberdade e soberania na escolha e na proteção do nosso próprio modelo de
agricultura, sendo isso um direito assegurado pela constituição brasileira.
Pedimos que os governos estadual e
federal invistam, através de suas empresas de pesquisa, no desenvolvimento da
agroecologia, no melhoramento das variedades crioulas, e que não gastem mais
dinheiro publico em pesquisas sobre organismos transgênicos e em
desenvolvimento de novas variedades transgênicas.
Entendemos que cabe aos órgãos
governamentais e às suas respectivas instituições que pesquisem a respeito das
ameaças que esta tecnologia significa para a biodiversidade, para o ciclo da
vida e em especial para o ser humano, mantendo-se independentes dos interesses
econômicos das grandes corporações. Diversas pesquisas de órgãos internacionais
indicam, que a tecnologia transgênica põe a saúde humana e o meio ambiente em
risco, informações estas, que estão sendo escondidas pelos grupos e comissões
ligadas aos interesses financeiros das empresas multinacionais e ao
agronegócio.
Pedimos que o estado garanta a
prevalência do princípio da precaução. Ele deve garantir informações adequadas
sobre os riscos para a saúde humana e para outros danos que os transgênicos
possam significar no futuro.
Pedimos que o estado interfira para
que a CNTBio possa cumprir a sua verdadeira missão de cuidar da biossegurança. Aquela
Comissão não pode ser composta por uma maioria que se preocupa mais com a
eficácia das tecnologias do que com os riscos envolvidos em sua difusão. Onde
estão os estudos científicos assegurando que a difusão dos organismos
transgênicos não causa problemas para nossos biomas? Como o Governo pode
permitir que a CTNBio baseie suas decisões em documentos preparados pelas
empresas interessadas na expansão das vendas, negando atenção a documentos de
base científica independente?
Pedimos que a sociedade seja
informada com transparência sobre os resultados das reuniões da CTNBio,
principalmente a respeito dos efeitos colaterais dos organismos geneticamente
modificados e dos impactos socio-econômicos resultantes do plantio de lavouras
transgênicas.
Exigimos que empresas agrícolas e
agricultores garantam, através de barreiras e distâncias adequadas, a
não-contaminação das plantas agroecológicas ou orgânicas de seus vizinhos, e
que sejam responsabilizados, caso aconteça contaminação. Pedimos que o estado
proíba imediatamente o plantio de plantas transgênicas de polinização aberta.
Pedimos que o estado promova
campanhas de conscientização, que mostram os perigos, as dúvidas e sobretudo a
dependência que a difusão da tecnologia transgênica provoca.
Exigimos que o tamanho do símbolo
de alerta na rotulagem dos alimentos que contêm transgênicos seja aumentado
significativamente, pois muitos consumidores consomem alimentos transgênicos sem
estarem cientes disso. Da mesma forma agricultores plantam milho transgênico
sem terem conhecimento disso.
Temos certeza de que os governos,
junto com as organizações da sociedade civil, estão dispostos a cumprir a sua
nobre missão, fazendo o que centenas de gerações têm feito antes de nós: de
preservar a biodiversidade e em especial de manter as sementes, base de nossa
alimentação saudável e segurança alimentar, puras para as futuras gerações.
Desejamos que os detentores de
poder político não se deixem dominar pelo poder das corporações e tomem as
decisões necessárias para assegurar o direito das futuras gerações a usufruir
da biodiversidade e das sementes, herdadas das gerações que nos antecederam.
Organizações: AOPA – Associação
para o Desenvolvimento da Agroecologia, Fundação Vida para todos – ABAI,
CPT/PR– Comissão Pastoral da Terra do Paraná e Dom Tomás Balduino, Conselheiro
permanente da CPT, Rede ECOVIDA, Terra
de Direitos, SERPAJ - Serviço de Paz e Justiça do Brasil, MST – Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra , Cooperbiobrasil – Cooperativa Solidária Mista de Produção Agroecológica
e Equipamentos Ambientais, Casa do Trabalhador e CEPAT, CEFÚRIA – Centro de
Formação Urbano Rural Irmã Araújo
150 famílias de Agricultores e Agricultoras
familiares de 19 municípios da região metropolitana de Curitiba
Mandirituba, Paraná, 21 de setembro
de 2013.
Informação: Juvenal Rocha - CPT PR
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